Gaza: CICV pede proteção da população civil enquanto espera acordo em meio a evacuações, operações militares e negociações

Na segunda feira, Israel deu instruções para evacuar algumas áreas em Rafah, e o CICV lembra que devem ser feitos todos os esforços para poupar a vida da população civil e para garantir que ela tenha acesso às necessidades básicas da vida, incluindo comida, água e atendimento médico. É necessário garantir que as medidas tomadas nas últimas semanas para aumentar a circulação de ajuda em Gaza permanecem em vigor. O CICV reitera a necessidade de proteger a missão de saúde — incluindo estabelecimentos, ambulâncias, e equipes médicas e de enfermagem — e faz um apelo a todas as partes em conflito para proteger plenamente e respeitar esse serviço básico e vital.

Ao mesmo tempo que evacuações e operações estão sendo realizadas, surgem notícias que indicam que continuam as negociações para chegar a um potencial acordo político que incluiria uma libertação de reféns e detidos, e um cessar-fogo. Enquanto o CICV continua exigindo a libertação definitiva e incondicional dos reféns, também reconhece que isso é improvável sem contar com um acordo. A organização espera que esse acordo permita reunir famílias, e que traga alívio e ajuda para todas as pessoas afetadas pelo conflito. Além disso, está pronta para atuar como intermediário neutro no cumprimento dos aspectos humanitários entre as partes.

Se as operações militares continuarem, será fundamental que as partes em conflito considerem a realidade de um grande número de pessoas que atravessam caminhos danificados e que passam por áreas que podem estar contaminadas por armas não detonadas. As evacuações devem ser realizadas de modo a garantir que a população civil chegue a destino de maneira segura, e em condições satisfatórias de higiene, saúde, segurança e nutrição, e que os familiares não sejam separados. Essas pessoas devem poder voltar para suas casas assim que as hostilidades cessarem.

A maioria delas não chegou diretamente a Rafah, mas já foi deslocada outras duas, três ou quatro vezes. Juntamente com o estresse e o medo constantes, e levando em conta lesões, idade e deficiências, muitos residentes estão enfraquecidos e em elevado risco de morrer devido a infecções e doenças comuns.

Questões como o transporte de pessoas com deficiência, idosas e doentes, bem como o local para onde uma grande população possa ser levada e instalada com segurança e com as necessidades básicas atendidas permanecem sem resposta. Nem todas as pessoas podem ser evacuadas devido a questões de idade, deficiências ou doenças. A população civil que fique na área — seja voluntariamente ou não — conta com proteção e deve ser poupada dos efeitos das hostilidades.

É preciso levar em conta essas realidades durante a implementação dos próximos passos em relação ao conflito. As instruções de evacuação já provocaram profunda ansiedade e medo. Há longas filas de pessoas fugindo de Rafah em carros, em carroças puxadas por burros e a pé, com pessoas e veículos carregados com seus pertences.

O CICV faz um apelo a todas as partes em conflito para respeitar suas obrigações legais, conforme estipulado pelo Direito Internacional Humanitário, para proteger e preservar vidas e bens civis.

As equipes da organização estão no terreno e respondem às necessidades humanitárias. Em Rafah, ajudam as pessoas, inclusive fornecendo refeições, água potável, barracas, colchões e atendimento médico.

O CICV está comprometido a permanecer perto das pessoas que necessitam assistência durante todo o conflito.

Sobre o CICV
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização neutra, imparcial e independente, cuja missão exclusivamente humanitária deriva das Convenções de Genebra de 1949. A organização ajuda as pessoas afetadas por conflitos armados e outras situações de violência no mundo inteiro, fazendo todo o possível para proteger a vida e a dignidade delas, e para aliviar o seu sofrimento, com frequência em conjunto com os parceiros da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.