Relatório de operações sobre o cyclone Idai: assistência a famílias separadas e grande preocupação com as comunidades rurais

22 março 2019

Após a devastação causada pelo ciclone Idai, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) envia mais equipes a Moçambique, Zimbábue e Malaui para trabalhar nas tarefas de assistência em conjunto com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Este relatório informa sobre a situação no centro de Moçambique e os planos de resposta do CICV.

"A cada dia, descobrimos que a destruição deixada pelo ciclone Idai é pior do que imaginávamos", afirma o chefe da subdelegação do CICV em Beira, Moçambique, Hicham Mandoudi. "Estamos profundamente preocupados com as comunidades remotas isoladas por inundações e deslizamentos, que ainda precisam receber ajuda humanitária. Mais chuvas estão previstas, o que aumentará o sofrimento de pessoas que já perderam tudo."

"Famílias foram separadas ou perderam o contato durante a tempestade", diz a delegada do CICV em Beira Diane Araujo. "A agonia de não saber o que aconteceu com seu ente querido em um desastre como o ciclone Idai é indescritível. Enviamos equipes ao Malawi, Moçambique e Zimbábue para implantar sistemas que ajudem as pessoas sem acesso a telefone ou internet a encontrarem seus familiares desaparecidos."

 

NOTAS OPERACIONAIS

  • O CICV trabalha em estreita parceria com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a Cruz Vermelha do Zimbábue e a Cruz Vermelha do Malaui para oferecer assistência que salva vidas às comunidades com necessidades urgentes afetadas pelo ciclone.
  • O CICV lançou um site em inglês e português para ajudar as famílias a encontrar os desaparecidos. A plataforma Restabelecimento de Laços Familiares permite que as pessoas reportem que estão vivas ou que um ente querido desapareceu. Mais de 200 pessoas, a maioria de Moçambique e Zimbábue, estão atualmente registradas no site como desaparecidas. Mas é provável que o número aumente quando os serviços forem restabelecidos nas diversas comunidades que estão sem energia e acesso à internet.

 

Moçambique

  • O CICV enviou um especialista forense a Beira para cooperar com as autoridades, a fim de dar um tratamento digno aos mortos. Trabalhamos com as autoridades para avaliar rapidamente onde podemos contribuir de forma direta para satisfazer às necessidades urgentes.
  • Um delegado do CICV está montando um sistema em Beira, com a Cruz Vermelha de Moçambique, para registrar e buscar as pessoas desaparecidas. O trabalho será ampliado a outras zonas afetadas à medida que o acesso melhorar.
  • Será criada uma base logística em Chimoio, perto da fronteira com o Zimbábue, para mobilizar a assistência às comunidades remotas que ainda receberão ajuda. Essas são as comunidades que CICV atendia em Moçambique antes do ciclone Idai. Em 22 de março, um avião procedente de Nairóbi chegou a Chimoio com material de ajuda.
  • O CICV forneceu 1 mil litros de combustível ao principal hospital de Beira para ajudá-lo a operar com gerador. Também distribuiu material médico e remédios aos estabelecimentos de saúde.

 

 

Zimbábue e Malaui

  • O CICV entregou remédios e material médico a estabelecimentos de saúde no leste do Zimbábue. Mobilizamos equipes para trabalhar com as Sociedades da Cruz Vermelha no Malaui e no Zimbábue, a fim de ajudar a registrar os desaparecidos e reunir as famílias separadas.

 

PREOCUPAÇÕES HUMANITÁRIAS

  • O CICV está profundamente preocupado com as comunidades rurais isoladas por deslizamentos e inundações. A cidade moçambicana de Buzi, a 60 quilômetros de Beira, em Moçambique, teria desaparecido sob as águas, cujo nível seria tão alto quanto o das palmeiras. Os moradores estariam presos pelas águas.
  • Com mais de um milhão de pessoas afetadas, podemos esperar que milhares de pessoas estejam em busca dos entes queridos, sem saber se estão vivos, feridos ou mortos. Água, atendimento médico, alimentos, abrigos e outras ajudas de emergência são vitais, mas a agonia de não saber o que aconteceu com um familiar é terrível. Por isso, concentramos muitos dos nossos esforços na instalação de sistemas para registrar e buscar os desaparecidos.
  • Quatro das sete prisões da província de Sofala foram muito danificadas pelo ciclone, incluindo a de Buzi, onde cerca de 40 detentos e agentes penitenciários estão presos no telhado, sem água e alimentos. Muitos presos não têm notícia dos entes queridos.
  • Beira e as regiões vizinhas ainda estão inundadas. Há relatos sobre cadáveres nos rios e em outros cursos de água. É necessário criar um sistema para catalogar os mortos, permitindo que as famílias tenham a chance de identificá-los e aceitar o que aconteceu. Nossa equipe de forenses trabalhará nessa questão em estreita parceria com as autoridades.
  • As necessidades humanitárias aumentarão de forma trágica nas próximas semanas. Inundações geram condições favoráveis para surtos de cólera e outras doenças. As chuvas também devastaram as terras agrícolas, deixando as comunidades sem nada para colher e carentes de alimentos. Isso se soma às necessidades enormes e imediatas que as organizações humanitárias encontram hoje, como escassez de abrigos, água potável, material médico e utensílios domésticos.  

Para entrevistas e mais informações sobre a resposta do CICV:

Manuel Mabuiange, atualmente em Beira, +258 847345420 e +258 86 0813271
Tendayi Sengwe, Pretória, +27 66476 4446
Crystal Ashley Wells, Nairóbi, +254 716 897 265