A Síria continua em crise: o mundo e os doadores não devem dar as costas agora

Declaração conjunta do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) durante a Sexta Conferência de Bruxelas sobre o Apoio ao Futuro da Síria e da Região.
Comunicado de imprensa 10 maio 2022 Síria Líbano Jordânia Iraque

A Síria entra agora no 11º ano de uma crise implacável, e o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho novamente pede à comunidade internacional que não se esqueça das contínuas necessidades humanitárias no país. Neste momento, a população na Síria precisa de solidariedade ininterrupta e apoio comprometido para lidar com as hostilidades em curso, problemas econômicos, infraestrutura paralisada e imensas necessidades humanitárias no país. Atualmente, pelo menos 14,6 milhões de pessoas precisam de assistência e estão mais dependentes de ajuda do que nunca.

Atores humanitários, incluindo o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, oferecem uma assistência vital em resposta a enormes necessidades. Apesar dos desafios de segurança e bloqueios políticos, encontramos maneiras de reparar a infraestrutura crítica e garantir que as pessoas tenham acesso a serviços básicos, como água potável, eletricidade, e serviços de saúde que funcionem. Para podermos enfrentar esses desafios humanitários, precisamos de apoio financeiro regular da comunidade internacional.

A importância do apoio para manter a ação humanitária tão necessária não pode ser sobrestimada. Embora grande parte da atenção do mundo tenha se voltado para outras crises, como a que ocorre na Ucrânia, milhões de pessoas continuam necessitadas na Síria.

O conflito armado na Ucrânia adiciona outro nível de desafio à situação na Síria", afirmou o diretor regional do CICV para o Oriente Próximo e Médio, Fabrizio Carboni. "O aumento da insegurança alimentar e os preços cada vez altos nos preocupam. Mesmo que o conflito na Ucrânia terminasse amanhã, o impacto subjacente da crise climática e a pressão que está exercendo sobre os recursos hídricos e a produção de alimentos ainda nos deixariam com muitos problemas a serem enfrentados.

 O nosso Movimento vem respondendo às necessidades das pessoas na Síria desde os primeiros dias do conflito, com voluntários e funcionários prestando ajuda vital às pessoas em áreas que outros não podem alcançar. Sem eles, esta catástrofe humanitária teria sido muito pior.

Todos os meses ajudamos milhões de pessoas na Síria. Para que este trabalho vital continue, os equipes humanitárias devem ter acesso regular, seguro e sem motivação política a todas as pessoas, famílias e comunidades necessitadas. Pedimos que os Estados e todas as partes em conflito assegurem que o Direito Internacional Humanitário (DIH) seja respeitado nas suas operações.

O diretor regional da FICV para o Oriente Médio e Norte da África, Hossam Elsharkawi, afirmou: "Com a crise na Ucrânia, vimos como a redução de medidas restritivas às atividades humanitárias permitiu que o nosso Movimento chegasse com rapidez a milhões de pessoas que precisam desesperadamente de assistência. Faço um apelo aos doadores para que apliquem a mesma flexibilidade ao contexto sírio. Idealmente, estendendo as mesmas isenções e licenças humanitárias. Isso criará melhores condições para minimizar o sofrimento desnecessário e trazer dignidade às pessoas afetadas".

Ademais, milhões de sírios e sírias que vivem fora da sua terra natal ainda precisam de apoio. Atualmente, os países vizinhos acolhem a maioria das pessoas que fugiram da violência na Síria. Na Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque, as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho prestam apoio a quem fugiu e às comunidades acolhedoras. Os países da Europa vêm implementando uma ampla gama de atividades para ajudar sírios e sírias a se integrarem às comunidades que os acolhem, desde a oferta de programas de apoio psicossocial e a administração de centros de acolhimento até a facilitação de procedimentos de reunificação com familiares deixados para trás.

Mais informações:

CICV: Jesus Serrano Redondo (Genebra)
M +41 79 275 69 93 jserranoredondo@icrc.org
FICV: Rana Sidani Cassou
M: +41 76 671 57 51 / +33 6 75 94 55 15
rana.cassou@ifrc.org