Relatório de operações na Líbia: aumento da violência obriga milhares de pessoas a abandonarem suas casas

Relatório de operações na Líbia: aumento da violência obriga milhares de pessoas a abandonarem suas casas
Bombardeio no distrito de Abu Salim, no sul de Trípoli. // EPA-EFE // EPA

Trípoli (CICV) – A situação humanitária em Trípoli e arredores piorou drasticamente nas últimas três semanas. Estima-se que mais de 30 mil pessoas abandonaram suas casas, refugiando-se com familiares ou em edifícios públicos.

Os apagões são comuns nas áreas dos enfrentamentos. Deteriorou-se ainda mais a situação dos serviços básicos e da infraestrutura, incluindo hospitais e estações de bombeamento de água, que já haviam sido danificados pela violência nos últimos oito anos.

"Uma de nossas maiores preocupações é com os civis que vivem perto das linhas de frente. As áreas residenciais densamente povoadas gradualmente se transformam em campos de batalha", afirmou Youness Rahoui, chefe do escritório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Trípoli. "Para os profissionais de saúde, é cada vez mais perigoso socorrer os feridos. Há relatos sobre um número crescente de bombardeios indiscriminados. É essencial que os hospitais, assim como os profissionais, estabelecimentos e veículos de saúde que transportam os feridos, possam realizar suas atividades com segurança."

Hamdi, de 24 anos, contou à equipe do CICV na Líbia que sua família precisou fugir dos mísseis e do bombardeio pesado. "No início, permanecemos em casa. Não queríamos sair. Mas, com a intensificação dos confrontos, não podíamos mais ficar lá. Tínhamos medo de que nossa casa também fosse atingida, então fugimos. Deixar nossa casa foi uma decisão de último minuto. Não estávamos prontos e não trouxemos nada conosco. Eu e meus irmãos deveríamos estar na escola, fazendo prova. Mas nossas vidas agora estão em um limbo. Não sabemos quando as coisas voltarão ao normal."

 

Preocupações humanitárias

  • Milhares de pessoas foram deslocadas. Muitas estão nas casas de parentes e amigos. Outras têm sido alojadas em lugares como escolas, que foram abertos para abrigar as famílias sem teto.
  • Obter assistência à saúde tem sido um desafio para toda a população da Líbia, cujos hospitais enfrentam uma escassez crônica de material médico. Os estabelecimentos que ainda funcionam têm cada vez mais dificuldade de lidar com a situação.
  • Outros milhares de civis podem ser afetados com a continuidade dos confrontos, o que significaria uma necessidade crescente de ajuda humanitária.

 

Notas operacionais

  • O CICV distribuiu material médico nas últimas três semanas para tratar pelo menos 350 vítimas em quatro hospitais de cidades – em Abu Salim, Al-Sbeaa, Yefren e Trípoli – e três hospitais de campo – em Kreimia, Gharyan e Tarhuna.
  • Em cooperação com o Crescente Vermelho Líbio, o CICV também prestou assistência este mês a cerca de 12 mil deslocados – cerca de 2 mil famílias – com a entrega de alimentos, artigos de primeira necessidade e kits de higiene em Tajoura, al-Fornaj, Zintan, Yefren, Sabratha e Tarhuna.

 

Mais informações:

Rabab Al-Rifaï, CICV Líbia (base em Túnis), tel.: +216 26 903 485
Francoise Brigitte Lambert, CICV Dakar, tel.: +221 781 864 687
Krista Armstrong, CICV Genebra, tel.: +41 79 217 32 87